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segunda-feira, 10 de setembro de 2012

Nosso Zouk pode ser rebatizado?

Logo após ter publicado o texto, sobre algumas confusões comuns relacionadas ao nosso Zouk, conversei com algumas pessoas desse meio "zoukeiro", e um assunto que veio à tona foi sobre o mal-estar causado junto às culturas responsáveis pelo surgimento do Zouk original (não o nosso) em função de nós brasileiros utilizarmos o nome Zouk para a nossa dança. Segundo o K-YO Victor, que na ocasião da discussão estava na França, os franceses detestam tanto essa situação que chegam a parar de dançar se alguém começar a dançar o nosso Zouk na música deles. Eu já havia lido alguma coisa a esse respeito mas não imaginava que fosse tanto assim. A partir daí descobri que existe uma corrente em prol da mudança do NOME da nossa dança.

Vocês sabiam que essa mudança está sendo realmente considerada? 

Em um primeiro momento, isso me pareceu um tanto quanto surreal, no entanto, após refletir um pouco sobre o assunto, passei a considerar que realmente pode ser uma ideia positiva para a nossa dança. 

Mas como seria possível uma mudança nesse nível??

Segundo o Luis Florião (professor e pesquisador especializado em danças brasileiras), a mudança é possível se um grupo principal de professores reconhecidos e influentes passarem a adotar o novo nome em suas divulgações, seja para festas, workshops, congressos, etc.. A partir daí, em poucos anos a mudança estaria consolidada. 

Considerando o quão jovem é a nossa dança, comparada com outros ritmos como a Salsa ou o Samba, acredito sim que podemos consertar esse “erro” do passado sem muitos traumas.

Mas que nome adotar??

Algumas pessoas defendem que o Zouk seja chamado de Lambada (com alguma variação dependendo se o estilo for de Porto Seguro ou do Rio de Janeiro), visto que é a sua origem. Outros (me incluo nesse grupo) acham que Lambada não seria o nome mais adequado visto que a dança evoluiu tanto desde a sua criação que hoje merece uma distinção. Além disso, que me perdoem os tradicionalistas, mas aos olhos do público jovem, o nome Lambada soa um tanto quanto “brega” e acredito que dificultaria no crescimento do ritmo (imagino que agora serei apedrejado :-)).

Sinceramente, acho que o complicado disso tudo é colocar um nome para a DANÇA que já exista para um gênero MUSICAL, no fundo é isso o que mais confunde as pessoas. Considerando a imensa gama de gêneros que podem ser dançados com a nossa "Nova Lambada", acredito que seria mais sensato (evitando a continuidade da confusão para os novos adeptos) um nome que não tivesse associação com gênero algum... Vide exemplo do West Coast Swing, não associado a um gênero musical específico e que tem crescido consideravelmente nos últimos tempos.

Na minha visão, a grande questão é pensar em um nome que tenha uma identidade cultural com o Brasil e que tenha impacto comercial. Acredito que um nome com essas características teria mais condições de atrair a mídia, promover festas, ser aceito e consequentemente arrecadar mais adeptos.

O que vocês pensam sobre isso?


Comentários
7 Comentários

7 comentários:

  1. Penso que os franceses são uns babacas!! Lambada para os jovens realmente é brega! E não tenho a minima ideia para um nome no lugar do tão belo ZOUK! Abraços

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  2. Parabéns pelo texto Flávio. Muito relevante e bem construído.
    Na verdade, ao terminar de ler me senti qual uma criança que precisa devolver o brinquedo legal pro coleguinha que é dono dele... Sensaçâo horrível! Rsrsrs
    Eu já pensava mt parecido com vc e já levantei essa discussāo com amigos profissionais do Zouk. Justamente porque tenho amigos estrangeiros que já dividiram comigo essa quase 'afronta' à sua cultura! Nos coloquemos na posiçāo deles! Será que nāo nos sentiríamos no mínimo ofendidos?
    Pois entāo, acho valido sim o 'rebatismo'. Mas gosto tanto do nome Zouk... E do que ele significa... :(

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    1. Obrigado Angelina! :-)

      Pois é, a sua analogia é válida.. mas o brinquedo vai continuar conosco, só pegamos emprestado o nome mesmo :-)

      É realmente uma situação delicada, lembro que o K-YO tinha feito a seguinte suposição, na ocasião da discussão: E se alguém da Argentina inventasse um novo Forró? Estendendo essa situação hipotética, imagine ainda que esse tal "Forró argentino" se tornasse mais popular, mundialmente falando, do que o nosso Forró brasileiro. Em algum tempo, quando se falasse em Forró, as pessoas (estrangeiras) citariam a Argentina e não o Brasil. Devaneio?? Não, pois é exatamente o que acontece no caso do Zouk. Sempre que vejo um estrangeiro citar o Zouk é ao Brasil que é feita a referência (é claro que ele se refere justamente à nossa dança, mas isso se tornou tão natural que aos poucos a cultura original perde força).

      Enfim, espero que haja uma união forte e que possamos devolver esse nome tão bonito aos seus verdadeiros donos. O Brasil é um país riquíssimo de cultura e tenho certeza de que há um universo de nomes possíveis de serem utilizados para a nossa dança. :-)

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  3. Maravilha de texto Flavio.

    Tenho uma opinião sobre o tema mas, apesar disso, gostaria de defender dois pontos de vistas divergentes um do outro.

    Primeiro, é que entendo que a manutenção do no Zouk para a forma brasileira de dançar não é algo tão ofensivo ao Zouk de origem caribenha/francesa. Vamos a alguns exemplos no mundo. A Salsa remete a música cubana mas, em cuba, ninguém produz ou produziu a música salsa ou tão pouco dançam salsa. A música cubana é tratada como Son (e outras diversas variações) e a dança como Casino. Salsa é uma produção americana legítima. Por sua vez, além da música, os americanos criaram formas própria de dançar salsa (Salsa Los Angeles, Salsa New York, etc.) além de outras formas diferentes de dançar no mundo. Se inventarmos uma Salsa Porto Alegre, isso seria ofensivo aos cubanos ou aos americanos ou a ninguém? Outro exemplo, menos popular e populoso no mundo, é o samba. Em dança de competição o samba é conhecido como Samba Internacional e o que se dança é nem de perto de parece samba e a música tão pouco. Estamos ofendidos? No máximo, enquanto professor de amante do samba que sou, acho engraçado.

    Apesar de estar no parágrafo acima justificando que o nome Zouk não precisaria ser mudado, sou, na verdade, da corrente que acha que deveria sim ser mudado. Para piorar, sou da corrente dos defensores do nome LAMBADA. Este seria, ao meu ver, um grande facilitador para o "Zouk Brasileiro" se tornar ainda mais popular e difundido no mundo. Isso porque a lambada é o produto musical brasileiro mais vendido e conhecido no mundo todo e que também teve sua dança difundida junto. Este fenômeno, por exemplo, nunca aconteceu com o samba. Relembro de uma viagem recente a Cuba onde pedi para um DJ: "Toca um samba aí". Sabe o que veio? Uma lambada. Sim. Estamos em pleno 2012 e o mundo conhece e sente falta da lambada (mais que os brasileiros). Além do uso de um nome comercialmente forte, justifico que SIM o zouk hoje dançado é uma evolução da antiga lambada. Se foi tão mexida que pouco resta do original pouco importa. Fundamental é batizarmos, ao meu ver, a linhagem com o nome correto.

    Minha opinião.

    Prof. Fábio Magalhães
    fabio@gafieiraclub.com.br
    www.gafieiraclub.com.br

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    1. Grande Fabião! Obrigado por deixar tua opinião meu velho, é muito construtivo e interessante saber o que as pessoas pensam sobre um assunto tão importante para a nossa dança.

      Bem, não posso deixar de comentar sobre o que tu escreveste, o negócio é fomentar a discussão. :-)

      No teu primeiro ponto (que eu sei que foi apenas um contraponto da tua própria opinião), concordo que a nossa dança não deveria ser vista como ofensiva às culturas originais. Entretanto, é o ponto de vista do lado de quem “usurpou”(sei que o termo é forte), ou seja, para nós é natural que entendamos dessa maneira.

      Os exemplos com a Salsa e o Samba são ótimos. No entanto, sobre a Salsa, imagine que qualquer uma das formas de se dançá-la se destacasse tanto que as demais acabassem por sequer serem citadas? Essa é a analogia mais adequada para o que está acontecendo com o Zouk original. E o Samba nos Ballrooms, bem, confesso que a primeira vez que vi, o meu sentimento não foi de alegria, foi como se estivessem deturpando a nossa dança.

      De qualquer forma, nenhum argumento muda o fato de que SIM, as culturas que conceberam o Zouk original não simpatizam com o também fato de nós brasileiros nos utilizarmos do mesmo nome para a nossa dança.

      Pois é, sem dúvida alguma o nome “Lambada” é muito forte (já esse teu DJ cubano... ;-)) e foi um verdadeiro fenômeno no seu auge. Mas continuo defendendo que não é a mesma dança apesar de ser derivada dela. É como se chamássemos Pagode e Samba Rock (e tantos outros derivados do Samba) de simplesmente Samba. Será que não iria complicar para organizar eventos por exemplo? Mas esse não é o meu principal argumento, o que defendo é que, no caso de ser inevitável o rebatismo, seja adotado um nome que não tenha relação com um gênero musical, afinal o Zouk brasileiro é tão versátil que pode ser dançado com um grande número de gêneros e associá-lo a algum em específico estaria limitando a sua divulgação e crescimento.

      Mais uma vez agradeço por tu teres exposto a tua opinião meu velho, sinta-se à vontade para continuar esse bate-papo. :-)

      Com certeza muita água ainda vai rolar sobre esse assunto... :-)

      Abçs.

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    2. Sobre a questão do nome Lambada... Podemos fazer uma reflexão comparativa com o Bolero. Que, na verdade, deveríamos chamar de Bolero Brasileiro ou qualquer outra coisa. Afinal, o Bolero original é um dois-pra-lá-e-dois-pra-cá e, forçando muito a barra, é um cha-cha-cha mexicanizado. O nome Bolero enquanto música está morto. Digo, o nome é vivo mas a produção musical é nula ou praticamente nula. No entanto, a dança bolero brasileiro evoluiu e hoje dançamos "de tudo um pouco" deste que lembre a marcação do bolero e com característica lenta. Entendo que o mesmo ocorreria com a Lambada. A produção musical é nula e portanto não estaríamos concorrendo estilos musicas. Já que não se produz mais a música Lambada, porque não usar este nome somente para a dança? Vejo esta oportunidade. Nome forte, com histórico, de um produto legitimamente brasileiro, a disposição para usarmos. Claro, aproveitando também o fato de que é o "vovô" do zouk.

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  4. Pois é, de fato não há mais produção musical da Lambada, mas isso não apaga todo o registro existente, há gravações consagradas. O estigma da música sempre existirá. Fico imaginando o quão estranho seria promover uma festa de Lambada nos dias atuais e colocando RnB e Kizomba como música. Acho que podemos evitar essas situações. :-)

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